SINES INDUSTRIAL
Capítulo I – Porto Covo
Por João Camacho (aka photorephorter)
Uma estória relatada em fotografias muito ao género das foto novelas do antigamente mas com um toque estético ecológico e artístico. Revelamos em alguns capítulos a Sines Industrial. Não perca mensalmente na sua revista de preferência online In.Comunidade.
Terminal XXI, porto de carga contentores. O Porto de Sines viu um aumento de 14% em carga movimentada em relação ao período homólogo. Gruas Super Post Panamax. Dois mega-pórticos de cais Ship-to-Shore (STS) montados recentemente permitem passar de 2,3 para 2,7 milhões de TEUs (unidades de 20 pés- tamanho dos contentores pequenos). Este terminal é o único em Portugal capaz de receber os navios de grande calado, os chamados “mega-carriers´´. Quando a Fase III, agora em curso, estiver terminada em 2030, o porto poderá movimentar 4,2 milhões de TEU’s. O dobro do movimento actual.
Sines Industrial
A Petrogal tem moldado a paisagem na Costa Vicentina desde 1973. A população nunca foi ouvida para nada. O turismo pode vir a ser quem mais vai sofrer as consequências de um crescimento desbragado.
Uma estória relatada em fotografias muito ao género das foto novelas do antigamente mas com um toque estético ecológico e artístico. Revelamos em alguns capítulos a Sines Industrial. Não perca mensalmente na sua revista de preferência online In.Comunidade.
Esta introdução é necessária de modo a poder compreender-se a forma como o complexo industrial de Sines tem afectado o meio ambiente em seu redor. A pressão desenvolvimento continua a crescer não se prevendo melhorias, o que faz perigar uma zona preciosa da nossa costa. Uma zona que tem os seus Planos de Protecção mas que a todo o momento é ultrapassada pelas entidades autárquicas e políticas. A bem da economia é um bem que tem de ser bom para todos e não só para alguns, nomeadamente das nossas elites. É uma luta que tem de ser desenvolvida independentemente das opções políticas, porque a natureza está acima da política. É um bem sagrado que é passado de geração em geração.
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Praias selvagens bem domesticadas
Quando chegamos a Porto Covo pela primeira vez, é todo um deslumbrar que acontece. São as praias maravilhosas, as pessoas, o Festival Músicas do Mundo, o convívio, os novos amigos, a população simpática e um ambiente especial muito acolhedor.
Nem por acaso, a sua grande maioria são jovens. Muitos andam centenas de quilómetros para aqui chegar. Durante alguns dias, a vila chega a ter mais de 10.000 habitantes. quase cinco vezes do que nos outros dias do ano e dez vezes do que fora da época do verão.
Manifestação organizada pela associação ambientalista Dunas Livres, na praia de Sines, no último dia do Festival Músicas do Mundo de Sines 2024.
Vista do porto de Porto Covo que lhe dá o nome e a característica orgânica. Covo significa protegido naturalmente das intempéries e das marés. A actividade piscatória reduziu-se a um punhado de amigos que procuram alguns pesqueiros batidos pelo mar e a uma embarcação profissional. Ao fundo vê-se a Ilha do Pessegueiro.
Porto Covo não só cantou Rui Veloso, como faz cantar muita gente. O enquadramento é fantástico e inspirador.
As vagas vão produzindo ritmicamente o baloiçar dos barcos e as gaivotas que se atravessam ante o nosso olhar. Que lugar mais lusitano do que este? Olho para o mar como Camões olhava para as suas ninfas. Olhamos para uma paisagem que queremos manter a todo o custo. Mas não passarão de memórias efémeras levadas por dois ou três tostões. A natureza tem um valor incalculável.
A pequena lota jaz encostada à falésia por onde se desce numa escadaria de madeira. Do lado direito uma “pequena´´ mansão para turistas, de seguida a zona afecta aos apoios de pesca e aos pescadores. Em cima, o restaurante com esplanada onde se situa o pequeno miradouro.
“…Cuidado não te descaia o teu pé de catraia óleo sujo à beira mar…´´
Este castanho é um pouco diferente da bela areia dourada das outras praias de Porto Covo. Entre o salto por cima dos calhaus ou o pé na lama viscosa, prefiro passar ainda mais longe. Realmente, o cheiro não é nauseabundo. “São águas provenientes de umas quintas ali para cima. Mas não são de esgoto.´´ – Diz-nos o senhor da rua dos Pescadores. João Bonifácio vive aqui desde sempre, aqui nasceu e aqui vai morrer. Sempre gostou de conviver, mas aos poucos queixa-se que os velhos têm a triste mania de falecer. Há uns que se aguentam melhor, mas, normalmente, dá-se-lhes o fagote em menos do que um diabo esfrega o olho. É verdade, penso eu. É uma mania que os velhos têm…
Água suja de óleo que se concentra devido ao vento, às ondas e às marés.
Onde se encontram espécimes raros como pescadores e outros que tais.
Sem dúvida uma das praias mais belas de Porto Covo, numa meia hora consegue-se facilmente recolher uns 3 quilos de lixo não orgânico. Tantos investimentos de milhões e a autarquia não consegue prioritizar umas centenas para apoio às praias?
Eles bem tentam sobreviver, mas os tempos já não estão para aventuras. “Com telemóveis e acesso ao mundo pelo facebook quem precisa de descobrir novos caminhos?´´
Talvez as novas gerações. Os imigrantes. “Porque já ninguém quer trabalhar!” – como nos explicou, este fenómeno não assim tão recente, aos poucos vai-se tornando num novo normal.
Eis um sítio batido pelo mar tão ao gosto dos pescadores de cana e anzol. Ao fundo, a Ilha do Pessegueiro, entre nós e a Ilha várias manchas de sujidade despertam a curiosidade alheia: onde estão as garantias de que a água é de boa qualidade? Esta situação prolonga-se pela costa fora.
Estamos a cerca de 15 quilómetros de Sines por estrada. Por mar deverá ser metade dessa distância. Nas praias de Porto Covo, o fenómeno da poluição à vista desarmada. É preciso afastarmo-nos para perceber a sua dimensão. Esta será a parte batida, mas o restante que está por baixo, não é afectada na mesma maneira? Será que o peixe destas localizações tem qualidade para consumo? Os biólogos dizem que sim. Para uma indústria desta envergadura até que não está nada mau. As pessoas banham-se e comem sem terem a certeza de que essas conclusões sejam verdadeiramente analisadas e publicadas. Estes estudos têm de ser tornados públicos para a salvaguarda de todos. Em lado nenhum se encontram dados quantitativos, apenas uma informação ligeira o que dá pouca credibilidade.
Capítulo II- SINES INDUSTRIAL
Sines tem actividade piscatória desde o paleolítico, mas é com os cartagineses que começa a evoluir comercialmente até chegar ao que é, hoje em dia, o maior porto do país e o maior parque industrial da Península Ibérica. Mas não foi por culpa dos sinenses que isso aconteceu. A refinaria foi decidida ainda durante a outra senhora e aos poucos impôs-se completamente. Em 1973, iniciaram-se as obras as quais têm crescido de ano para ano e só terminarão em 2030. É a 4ª fase do mega projecto. Face a face com a cidade os 4.000 e mais hectares têm vindo a crescer. É o porto com o aumento do comprimento e de maquinaria de carga e descargas, é o parque industrial ZILS, agora com o megaprojecto do centro de dados que engloba a construção de oito edifícios. Uma aquacultura bem no meio do porto de contentores. Aí são criados robalos os quais ao adaptarem-se ainda melhoram a qualidade das águas. Por fim, são os diversos portos, cinco no total, entre recreio, pesca, cargas, contentores e petroquímica. É difícil agradar a todos. O ambiente aqui tem de falar mais alto quando estão em causa a saúde das populações e do turismo. Sem contar com a beleza natural e as espécies que aí vivem.
Nós conhecemos os políticos como sendo uma profissão de mentirosos. Mas há outros que sofrem do mesmo problema e esses são o capital em mãos que não respeitam os Planos de Desenvolvimento. Em Sines, isso tornou-se algo comum ao qual o presidente da Câmara tem alguma dificuldade em aquilatar. As pressões das empresas através dos políticos ultrapassam muitas vezes o que está escrito sem o respeito que lhes é devido.
Terminal XXI, porto de carga contentores. O Porto de Sines viu um aumento de 14% em carga movimentada em relação ao período homólogo. Gruas Super Post Panamax. Dois mega-pórticos de cais Ship-to-Shore (STS) montados recentemente permitem passar de 2,3 para 2,7 milhões de TEUs (unidades de 20 pés- tamanho dos contentores pequenos). Este terminal é o único em Portugal capaz de receber os navios de grande calado, os chamados “mega-carriers´´. Quando a Fase III, agora em curso, estiver terminada em 2030, o porto poderá movimentar 4,2 milhões de TEU’s. O dobro do movimento actual.
Terminal GNL da REN, tratamento e distribuição nacional de gás natural. O gás é transvazado, liquefeito, armazenado e distribuído através de pipelines por todo o país. Algum é carregado em camiões tanques.
Refinaria da Galp tardoz. A beleza de um amanhecer de verão é potenciada pelo contraste entre a natureza e a indústria mais poluidora a nível nacional. Sem ela, não teríamos combustíveis, produtos químicos industriais, gás e toda uma panóplia de serviços necessários às indústrias direcionadas para a construção de materiais compósitos e polímeros.
Parque ZILS, Zona 2 Sul. O corvo apresenta-se como o nosso interlocutor matutino. Na estrada, começa o tráfego em direcção aos postos de trabalho.
Sines é um porto de águas profundas. Desde o tempo do pai do Vasco da Gama, Estevão da Gama que o castelo foi construído. Os piratas que enchiam os mares naquelas épocas obrigavam a defesas fortes para proteger a pequena comunidade. A zona apresenta diversos portos de abrigo e praias amenas. Fica a meio caminho entre Lisboa e o Algarve. Tornou-se num ponto estratégico na produção nacional.
A POLUIÇÃO
A área correspondente à ZILS torna-o o maior parque industrial da Península Ibérica. Com 2.000 hectares de áreas destinadas a algumas das maiores empresas nacionais e estrangeiras. O Plano de Urbanização envolve uma área com 4,157 hectares. O novo Plano foi prorrogado encontrando-se em avaliação final. Para além de ter imposições de monitorização do ambiente e de “delimitação de uma estrutura ecológica com vista à salvaguarda dos valores biofísicos´´ (Alteração do Plano de Urbanização da Zona Industrial e Logística de Sines). O que acontece no papel e em teoria não se verifica na prática. Alguns derrames acontecem invariavelmente. As polémicas surgem quando se verifica que os resultados laboratoriais nem sempre condizem com o que se verifica na realidade. A Universidade de Évora é a responsável por prestar um serviço de monitorização à Câmara Municipal de Sines, branqueia muitos dos procedimentos, falseando de certa forma as análises da água. Na prática, defendem o seu território de estudo sem no entanto ter a responsabilidade de dar aos cidadãos um retrato perfeito das condições verdadeiras. Um pouco diferente do que se passa com as análises ao ar, as quais apesar de serem em pontos estratégicos e diminutos oferecem um retrato incompleto da realidade vivida pela população.
Vêm-se manchas esbranquiçadas na água devido ao bater das ondas nas rochas. Também as praias não têm um serviço de limpeza organizado. Podem-se encontrar diversos elementos na água como restos de redes, plásticos, fragmentos, etc. Não é perfeitamente límpida o que poderá querer dizer que não é boa para a saúde de quem a utiliza. No entanto, os senhores políticos afirmam à boca cheia que ganharam duas bandeiras azuis e outras tantas de ouro. Um ouro um bocadinho forjado para quem está habituado a águas bem diferentes.
Pipelines que levam o gás para as estações de tratamento.
A via férrea que liga directamente a Espanha e a outros ramais que vão para os pontos mais importantes do país. Daí ter sido escolhida nos anos 60 pelo Grupo CUF para desenvolver projectos com cariz petrolífero e petroquímico. Mas não é só disso que vive o porto industrial de Sines.
A indústria metalomecânica tem uma forte presença, tendo uma componente ligada à construção naval. Outros vectores importantes são a construção de produtos à base de fibra de vidro como pás para eólicas, produtos ligados ao fabrico de materiais isolantes, placas de gesso para construção civil, entre muitos outros negócios.
Refinaria da Petrogal, entrada. Mantém a liderança do maior poluidor nacional apesar de esta ter decrescido 14% em 2023. No ano anterior subiu nesse montante.
Repsol Portuguesa junto com a Repsol Polímeros são dois dos grandes investidores no parque industrial. As bolas e o canhão são altamente sugestivos…
Um dos projectos mais importantes e que tem dado nas vistas foi o da montagem de baterias de lítio e outro ligado às novas energias, o do Hidrogénio. Sines é também plataforma para o transporte de minerais. O carvão foi até há pouco tempo um dos seus principais produtos. O fecho da central hidroeléctrica fez com que essa parte diminuísse bastante.
O mesmo acontece para outro tipo de partículas PM2.5 (muito mais evidente a percentagem reduzida), PM10, O3, NO2 e SO2. (fonte: https://www.iqair.com/portugal/setubal/sines/monte-chaos). Alguns locais em Lisboa poderão ter pior qualidade do ar, nomeadamente, Ozono (O3), cerca de 4 vezes superior e (CO2) Dióxido de Carbono, que é o rei da festa, mas esse indicador numérico não aparece nos dados disponibilizados diariamente. Calculo que deverá ser estratosférico. Os outros indicadores são semelhantes à excepção do Dióxido de Enxofre (SO2), 12 vezes mais em Sines.
Esta foto reportagem dá apenas uma ideia da imensidão que é o projecto de Sines. Este continua a crescer ameaçando as praias à sua volta. St.º André é um dos locais pretendidos para a montagem das novas indústrias. Isto leva a que haja uma ameaça permanente ao turismo e à qualidade ambiental.
As campanhas de imagem tentam mudar esse aspecto, mas a natureza e as pessoas que usufruem de um meio ambiente saudável não o conseguem completamente. Há garantias na sua preservação, mas quem usufrui das praias nota uma degradação e falta de cuidado das autarquias. As praias não são limpas como deveriam ser.
Parte do Terminal Multipurpose de Sines.
Ponto de chegada dos tapetes rolantes à ferrovia para carga dos vagões.
Há plásticos e partículas a mais nas águas e estas não são 100% seguras apesar dos laboratórios financiados pela Galp e pela autarquia assegurarem que para a dimensão do porto a qualidade é razoável. Isso não basta. Deveriam ser publicados índices sobre a qualidade das águas do mar. Até em Porto Covo surgem manchas brancas que poderiam facilmente ser retiradas das águas caso houvesse sensibilidade para isso. Uma sr.ª numa hora retirou cerca de 5 kg de plásticos da água, entre redes, esferovite e pedaços de várias proveniências.
A central de S. Torpes vai ser transformada numa unidade de fabrico de Hidrogénio e Amoníaco verdes.
Os últimos dados demonstram que houve uma melhoria de 10% do ar em relação ao ano anterior. Mas no ano de 2022 houve um aumento devido à recuperação da pandemia Covid-19.
Terminal de carvão está preparado para trabalhar com outros materiais. O minério de ferro é um deles. Faz a ligação entre os navios de descarga e os tapetes rolantes que levam aos terminais ferroviários. Abastecia a central hidroeléctrica de S. Torpes e do Pego entretanto desactivadas em 2021.
Navio ao largo à espera de descarregar. Bem iluminado para prevenir possíveis colisões.
Projectos futuros são o Hidrogénio Líquido para consumo próprio no Parque da Petrogal.
´´GreenH2Atlantic que visa a construção de uma unidade de produção de hidrogénio verde com 100 MW no local da antiga central a carvão da EDP, que também faz parte do consórcio a par da Galp, entre outras. O projeto já recebeu 30 milhões de euros de financiamento de fundos europeus.´´
“Este projeto tem a conclusão prevista para o final de 2025. O GalpH2Park de Produção e Armazenagem de Hidrogénio Verde vai ter uma capacidade de 100 megawatts (MW) e vai ser instalado num terreno pertencente à Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS), numa área de 4,5 hectares, com uma vida útil de 20 anos.´´ (Fonte: Jornal Económico, 29.05.24)
O futuro promete ser verde. 85% da energia é produzida com recurso às eólicas e fotovoltaicas para em 2030 serem completamente NetZero. O futuro Data Center promete 1,3 Giga Watts num campus gigante integrado no ZILS. O problema reside em que o local escolhido perto da estação de arrefecimento de água da antiga central hidroeléctrica se situa dentro da área protegida. À força, o secretário de estado João Galamba terá sugerido ao Instituto competente de afastar a zona mais uns metros como teriam feito com o Freeport gerando as investigações em curso pelo Ministério Público. (Público, 17.11.23)
Um país que é o segundo mais pacífico da Europa e o sétimo no mundo. 180 bilhões de investimento estrangeiro em 2023. 70% da população é multilingue (acho que o falar pelos cotovelos também conta neste enquadramento). Produto interno bruto a subir mais de 2% em relação à média europeia em 2025. Entre outras vicissitudes que tornam Sines um lugar acolhedor, mas ao mesmo tempo com os problemas normais das cidades sem infraestruturas suficientes para acolher tantas pessoas. As dificuldades na habitação a preços tão altos comparáveis a Lisboa são um desses factores.
A central de Sines “é uma instalação extremamente significativa em termos de poluição do ar e ocupa a primeira posição nas emissões de dióxido de carbono, de fluoretos e de compostos inorgânicos de flúor e de mercúrio”, descreveu. https://surftotal.com/noticias/ambiente/item/9733-centralde-sines-e-etar-de-matosinhos-sao-as-mais-poluentes
“Entre os poluentes, está o dióxido de carbono, um gás de efeito de estufa responsável pelas alterações climáticas, metais pesados, emitidos para o ar ou para a água, ou compostos que podem enriquecer em demasia o meio aquático com nutrientes, como o azoto ou o fósforo.´´
Um estudo relata que a população foi obrigada desde 1973 à construção do Porto de Sines sem ter sido consultada. Alguns incidentes ocorreram entretanto como a explosão do petroleiro Campeón (!5 de Agosto de 1980), o derrame de petróleo pelo petroleiro Marão (14 de Julho de 1989), a poluição com óleo devido à largada das águas de lastro provenientes do The Ogennitor (5 de Maio de 1990) e, mais recentemente, em 2021, a fuga de nafta proveniente de falhas no depósito de um navio abastecedor. Todos estes acontecimentos levaram a revoltas as quais resultaram em manifestações e nas primeiras greves verdes da história portuguesa pelos pescadores. Em 1990 e 1995, por causa da degradação dos recursos pesqueiros na região.
As relações entre o poder político, as empresas e as populações pecam por uma falta de confiança nos dados disponibilizados e a forma de análise dos mesmos. Não existe qualquer informação sobre as análises efectuadas à água do mar. A única informação existente é a de que não foram encontrados “Enterococos intestinais (ufc/100 ml); Escherichia coli (ufc/100 ml)´´. A qualidade da água é boa neste e no ano transacto e foi excelente nos dois anos anteriores a esses. Quais as razões da perda da Bandeira Azul do ano passado para este? Nenhuma resposta é encontrada. Nem qualquer justificação. Ao contrário, a Zambujeira do Mar diz que foram os visitantes do Festival aí decorrente. Estas medições são feitas na praia Vasco da Gama de três em três semanas durante a época balnear totalizando 8 amostras durante o ano.
No ano passado banhei-me por várias vezes, este ano a vontade foi nula. Até porque tinha encontrado água turva numa das pequenas praias de Porto Covo e não gostei. Depois descobri a areia suja da praia do Porto e também antipatizei com esse facto. Mas o que realmente me fez ficar de pé atrás foi verificar que a qualidade da água entre a praia da Ilha do Pessegueiro tinha espuma branca. Não será possível limpar? Porque é que os dados numéricos não são disponibilizados numericamente? Porque é que os dados numéricos da captação de água para uso doméstico só estão publicadas até 2021? Porque não se esclarece que o CO2 libertado pela indústria petroquímica é mais do isso?
Quem tem medo da verdade?
Este ano já começaram a ser testados sensores que medem a qualidade da água do mar (Público, 16.08.24). O Instituto Hidrográfico tem cinco bóias espalhadas pela costa portuguesa as quais transmitem dados em tempo real por wifi. São esses os dados que constam das tabelas disponibilizadas pelos serviços do IPMA. Ondulação, velocidade e direcção do vento, temperatura do mar entre outros dados recolhidos para quem deles necessita.
No futuro, será possível ter pequenas sondas de análise da qualidade das águas. Qualquer um poderá instalar e recolher esses dados para os comparar com aqueles disponibilizados pelas entidades públicas. É o menos que se pode fazer dada a falta de transparência. Nem se compreende como o Ministério Público que estava a analisar os dados considerados falsos por um organismo parou as investigações só porque a Associação dos Portos de Sines e Algarve publicou um comunicado a esclarecer um determinado incidente (2021). Onde estão os resultados?
O índice PM2.5 e PM10 dado nos boletins da qualidade do ar envolvem diversos gases com efeito de estufa, nomeadamente o CO2 mas também o Metano, o Benzeno, o Amoníaco, entre outros. Só os números e o nome dos índices por si nada explicam. É preciso ir à informação especializada para entender este tipo de comparações. Por vezes, vemos piores condições do ar em Cascais, Sintra ou em Lisboa. Mas não em Aveiro, Matosinhos ou Estarreja. O que se passa aqui? Precisamos de um detective bioquímico que nos explique este estranho fenómeno. A interpretação geral portuguesa é a de que o limite são os 10 microgramas por metro cúbico quando a realidade da OMS diz que o limite é metade desse valor: 5 μg/m3. A lei ainda é mais categórica pois estabelece em cinco vezes esse valor. A União Europeia está a negociar para que este novo limite seja obrigatório em 2035. Por ano, na Europa morrem 400.000 pessoas devido ao excesso de partículas alojadas nos seus órgãos internos. Primeiro são os pulmões, os alvéolos, depois a corrente sanguínea, coração e cérebro. De seguida as partículas mais pesadas com 10 μg/m3 assentam no esófago, estômago e outros órgãos vitais. Quem sofre com isso são os mais novos e os mais velhos por terem menos defesas. Num dos casos, estão em desenvolvimento e no outro em retrocedimento. Aqui, neste artigo pode ver um mapa interactivo sobre os mais diversos locais na Europa:
A poluição do ar pode afectar todos os órgãos do corpo, inclusivé provocar demência, diabetes, problemas de fígado, cancro, etc. A lista é enorme (https://www.theguardian.com/environment/ng-interactive/2019/may/17/air-pollution-may-be-damaging-every-organ-and-cell-in-the-body-finds-global-review)
Adega de Sines, à antiga, paredes e mesas de mármore colectivas, expositores, vinho de garrafão. Entre outras qualidades pode-se apreciar o javali à casa. Uma especialidade.